segunda-feira, 2 de maio de 2011

Bye bye, Osama!

“The enemy of all of us here in Oz is dead... Good news!” - Wicked.

Admito que não tinha planos de escrever sobre algo que todos podem ler nas notícias. Mas muitos vieram me perguntar sobre a situação na cidade e o que eu acho disso. Então aqui vai um post dedicado ao 1o de Maio, dia em que mataram o Osama Bin Laden. 

Ontem a noite, quando a notícia saiu parecia a cena de abertura do musical Wicked, "No one morns a wicked". Os munchkins (o povo) nas ruas comemorando a morte da Wicked wich of the west (Bin Laden). Um pouco estranho comemorar a morte de alguém, por pior que tenha sido essa pessoa, ficou aquela impressão de “olho por olho, dente por dente”, nada desenvolvido ou que traga a idéia de paz. 

Mas acho que quem não estava aqui em 2001, vai ter muito mais dificuldade de entender que os americanos não estão comemorando o “olho por olho” e sim a possibilidade de por um fim na famosa guerra contra o terror (que nós também sabemos que está longe de terminar).

No dia 11 de Setembro de 2001, eu tinha 16 anos e morava na California. Lembro da minha host chamando antes da hora de acordar, para ver que aconteceu um acidente de avião com uma das torres gêmeas. Poucos segundos depois a segunda torre é atingida e na hora troca a explicação embaixo na tela de “acidente” para “ataque terrorista”. Nesse dia no colégio não tivemos aula, ficamos o dia no auditório assistindo as notícias e podendo sair para fazer ligações para saber de família ou amigos em NY. Lembro que assim que cheguei da aula, eu e os outros amigos intercâmbistas trocavamos e-mails e ligações para saber se estavam todos bem. E durante meses era só o que falavam no país. Não só NY foi atingida nesse dia, o país todo parou. 

Nas semanas seguintes, o repertório da aula do coral mudou e aprendi todas as canções de “God Bless America” e assim vai. E não me surpreendi a ver que até mesmo os mexicanos da vizinhança, que antes recusavam dizer que tinham qualquer identificação com o país, colocavam bandeiras americanas nas suas casas (junto com as do México, é claro).

Ontem tanto nas notícias como no facebook era possível ver a felicidade do povo americano, e de alguns simpatizantes. Muita gente nas ruas, buzinas, e meu celular já cheio de mensagens para ir para times square ou world trade center... parecia final de copa do mundo quando o Brasil ganha (claro, da forma mais comportada, ainda estamos falando dos EUA). E na hora it hitted me, hoje é um dia histórico e eu estava na cidade que tudo acontecia, porque ficar em casa assistindo pela televisão???

Liguei para a Juliana, minha amiga de Ribeirão Preto, que mora aqui perto e não pensamos duas vezes e fomos para a Times Square. 

Apesar de ser 1 da manhã de um domingo, as ruas estavam bastante movimentadas e o pessoal feliz e falando com qualquer estranho na rua como se fossem da mesma família, torcedores do mesmo time. Que nem durante a holiday season ou superbowl. 

Chegando na Times Square, todos estavam vestindo alguma coisa com as cores da bandeira (incluindo eu e a Juliana que estavamos de azul e vermelho). Todos cantavam o hino nacional ou as chants patriotas como God Bless America, algumas novas dedicadas a vitória de Obama vs Osama, e algumas mais ofencivas, pero no mucho, para Osama. Fora isso, aplaudiam como se os Beatles estivessem tocando cada vez que aparecia no telão de breaking news “Osama Bin Laden is dead”.

Na times square estavam também fire fighters que serviram no WTC em 11 de setembro de 2001, que foram as grandes celebridades da noite.







Depois da Times Square, e já que estávamos na rua mesmo, resolvemos pegar o metro para o WTC. No metro mesmo já fizemos amizade com um pessoal que também tinha que acordar cedo no dia seguinte, mas tinham que presenciar o que estava acontecendo. 

Chegando lá, ainda mais pessoas do que na Times Square, e muito mais agitado. Cheio de Marines, Army people, Fire fighters, imprensa, e amigos e parentes de quem estava lá no dia. No WTC não só se comemorava o fim da busca por justiça como se lembrava o que tinha acontecido e a possibilidade de finalmente dar um fechamento. 





Acho que nunca vou esquecer a felicidade e alivio na voz de um americano que nos emprestou uma mega bandeira para tirar a foto quando ele me disse “We got him!!! We got him!!!”. 


Na placa da esquina da Church e Vesey um grupo de pessoas colocaram uma fita em cima e trocaram o nome para “Win” “Win”, aproveitando a atual catch frase do Charlie Sheen. 





A felicidade dos moradores de NY era tanta, que até a coca-cola (“líquido negro do capitalismo” R.B) que a gente comprou para “comemorar a rigor” (afinal o que é mais americano que uma Diet Coke?!) foi cobrada como “pay whatever you’d like, go celebrate!”. Ficamos mais tempo lá e acabamos voltando para casa as 4:30 da manhã - num metro lotado.


Conhecido por trabalhar no West Point e ser gay
Juro que foi aleatório! Mas ele era o mais simpático!


Celebração!





Não me responsabilizo pelas semelhanças com Les Mis nessa foto
 



Hoje os americanos ainda estão comemorando, mas se tem bem claro que a Al Qaeda não terminou, muito menos o terrorismo, e que NYC ainda é um target para atentados. A segurança está dobrada nos aeroportos e estações de trem e metro e nos principais pontos da cidade pelo medo de alguma ação terrorista pós morte de Bin Laden. Entretando, as we cannot live in fear, a idéia é continuar a vida normalmente. 

Apesar da constante troca de nomes entre Osama e Obama nas conversas, Barack Obama nunca esteve tão bem falado desde a sua eleição e o prefeito Bloomberg também, discursou agora a pouco no financial district. 

Bush e Giuliani também foram lembrados como partes indispensáveis na luta contra o terrorismo. E depois de muitos anos, finalmente Bush teve um pouco de publicidade positiva para ele. Ainda se espera a divulgação de fotos para comprovar a morte de Bin Laden que de acordo com a NBC deve sair até a noite. 

Encerro esse post deixando bem clara a minha posição: não estou comemorando a morte de Osama Bin Laden, mas também não lamento a morte dele muito menos condeno a ação militar americana. Ainda estamos muito longe de ter paz, mas vamos torcer que essas ações tragam mudanças positivas e aumente a possibilidade de paz. Estou comemorando sim uma vitória, contra um dos maiores assassinos da história.


3 comentários:

Michelle Duba disse...

Miri!
Independente de qualquer opinião sobre a validade de comemorar a morte de alguém, podes ter certeza de uma coisa: presenciaste um momento importante da história americana ao participar desta festa!
Beijos, saudades!!

Ione disse...

Muito legal
bjs

Luísa Estima disse...

Lindas palavras, amiga! Bjooo

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